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CAMPOS DO JORDÃO

CRÔNICAS DE UM INVESTIGADOR

Por: Luís Geraldo Ferreira Jr. Delegado de Polícia de Campos do Jordão

Publicada em 18/07/24 às 11:35h - 18 visualizações

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CRÔNICAS DE UM INVESTIGADOR
 (Foto: Rede Social )
Não poderia iniciar meu texto de outra forma que não fosse agradecendo a honra de ter sido escolhido pelo autor para escrever o prefácio de seu livro. Dois são os motivos que de alguma forma tornaram tão especial essa oportunidade. A primeira delas por ser livro autoral de um dos mais geniais investigadores de polícia com quem tive a honra de ombrear as trincheiras do combate ao crime, em meus 12 anos como delegado de polícia. A segunda por ser um dos temas mais importantes dentro do contexto de combate à violência urbana.
Gostaria primeiramente de escrever sobre o autor Luís Fernando, também conhecido como “professor” (por já ter lecionado no ensino médio) ou “careca” (por razões óbvias). Luís Fernando é um investigador de polícia diferenciado, pelos relatórios impecáveis que, como deve ser todo bom relatório de investigação, consegue concatenar os fatos de maneira que deixa pouco espaço para a defesa questionar suas conclusões, uma mistura de raciocínio lógico (premissas e conclusões) com um romance policial. Mas também sempre se destacou pela dedicação que emprega na resolução dos casos, com empatia e sensibilidade no trato com as vítimas, sobretudo as mais vulneráveis.
O tema escolhido é um dos mais complexos e difíceis de se trabalhar em todo cenário policial. A vítima sempre está com psicológico extremamente abalado. Na maioria das vezes ela não só conhece o agressor como também sente por ele um temor reverencial. No caso das crianças (maioria das vítimas), não raras vezes o algoz é alguém que deveria estar cuidando e protegendo. Investigar crimes sexuais é demasiadamente complicado, pois lida-se com abusadores imunes a qualquer suspeita, com emprego, vida social e frequentemente respeitados dentro dos ambientes que comparece.
Ao assumir a titularidade da Delegacia de Polícia de Campos do Jordão, sabia que o desafio de ser gestor seria tão, ou mais, complexo do que o de ser policial ou jurista. Dentro da gestão de uma unidade policial, com a ideia de que realizar gestão é antes de tudo eleger prioridades, pude observar que três espécies criminais teriam que ser tratadas de maneira mais incisiva por mim e por minha equipe, eram elas: Tráfico de drogas/crime organizado ; Violência doméstica contra a mulher; Crimes sexuais, sobretudo os que envolviam pedofilia. Os dois primeiros temas deixo para discorrer no próximo livro do meu amigo. O terceiro, sabíamos que ia ser um grande desafio, mas não podíamos nos furtar dessa missão, vocês perceberão ao longo da obra, que, em que pese as dificuldades, cansaço e falta de estrutura, não iríamos desistir.
Nos crimes sexuais não bastava registrar ocorrência e tocar inquéritos como os outros, que, infelizmente, as vezes duram anos, precisávamos dar respostas às vítimas e, em muitos casos, identificar as vítimas, que não procuravam ajuda seja por medo, vergonha ou por depender do autor de alguma forma.
Com campanhas de conscientização, treinamentos da equipe, ações multidisciplinares e respostas enérgicas em diversos casos, inclusive deslocando equipes para outros lugares do estado como perceberão ao longo do livro, conseguimos romper o silêncio e ajudar mulheres e crianças que sofriam com situações não resolvidas ou que se perpetuavam ao longo de anos. Aqui é de suma importância frisar que criminosos sexuais são predominantemente criminosos habituais, fazem mais de uma vítima e/ou assolam mais de uma vez a mesma vítima, o que torna ainda mais importante o trabalho de neutralização dessa empreitada criminosa, que tende a tornar-se mais violenta a cada ataque.
As estratégias adotadas fizeram com que a equipe fosse cada vez mais respeitada no município e aos poucos conseguimos conquistar a confiança da população e diminuir os principais indicies criminais, sendo certo que a equipe tornou-se referência. Todavia, questões sociais, distante da nossa realidade policial, nos impedem de erradicar os crimes sexuais em nosso município, e foram exatamente
essas questões que me impulsionaram a entrar na vida política na busca de uma cidade mais segura, justa e humana, mas essa luta deixarei para falar em breve em um outro livro.
Campos do Jordão é uma cidade linda e acolhedora, onde decidi ficar e criar meus filhos, ela merece uma equipe policial dedicada e disposta a fazer o certo doa a quem doer. Para ser um bom policial é necessário coragem, dedicação e lealdade, qualidades que encontrei no investigador Luís Fernando, meu grande amigo, e aproveito o espaço para agradecê-lo pelo tempo que dedicou desmantelando organizações criminosas e fazendo a diferença na vida de diversas pessoas em nossa querida Serra da Mantiqueira.
Dito isso, indico a obra a todos amantes da investigação criminal e curiosos sobre o assunto, o autor conseguiu abordar o tema de maneira educativa sem perder o dinamismo e a adrenalina que permeiam a atividade policial. Desejo a todos uma excelente leitura, que as histórias aqui relatadas possam de alguma forma provocar reflexões sobre a importância desse tema tão atual e próximo a realidade de todos nós.
Por fim, gostaria de deixar uma pequena frase de Carl Jung que reputo como norteadora de todas as nossas ações, sobretudo dentro do contexto de uma investigação criminal: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.



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